sábado, 22 de maio de 2010

Ludicidade na educação infantil

LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL






Sibele Santos Vasconcelos

Jusane Matos da Silva







RESUMO



A intenção deste artigo é sensibilizar os professores de educação infantil e do ensino fundamental das séries iniciais do importante papel que os jogos, as brincadeiras e os brinquedos exercem no desenvolvimento da criança. Para isso se faz necessário saber o significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental analisar o papel do educador neste processo lúdico, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona. Faremos também algumas considerações importantes sobre os jogos e brinquedos. Desta forma, espera-se oferecer uma leitura mais consciente acerca da importância do brincar na vida do ser humano, e em especial na vida da criança.





PALAVRA – CHAVE: Ludicidade. Brincar. Educação Infantil. Aprendizagem e desenvolvimento.

INTRODUÇÃO



O artigo tem como principal intuito de refletir sobre a prática da ludicidade na Educação Infantil. Tendo como objetivos escrever conceitos, importância e a utilização da ludicidade pelos professores que trabalham com crianças neste nível escola. Enfatizando a importância desta na prática para o desenvolvimento total das crianças. A presença de atividades lúdicas pode ser responsável em transformar, modificar e renovar todo o espaço no qual funciona a Educação Infantil desenvolvendo na criança habilidades cognitivas, motoras entre outras que são necessárias para o desenvolvimento ideal da criança nesta fase. No decorrer do trabalho abordamos um breve histórico da Educação Infantil desde a contemporaneidade onde perpassa as grandes mudanças que continuam até a atualidade. Muitos pesquisadores denominam o século XXI como os séculos da ludicidade viveram em tempos em que diversão, lazer, entretenimento apresentam-se como condições muito perquiridas pela sociedade. E por torna-se a dimensão lúdica alvo de tantas atenções e desejos, faz-se necessariamente e fundamental resgatarmos a sua essência.

Na Educação Infantil a criança certamente brinca, começa a fazer amigos, passa horas felizes convivendo com crianças e adultos que não são seus familiares. No entanto, não é apenas isso o que acontece. Até os cinco anos, a criança viverá uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano, nos aspectos intelectual, emocional, social e motor, que será tanto mais ricas quanto mais qualificadas forem às condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que a cercam. Uma escola precisa ser mais do que um lugar agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Precisa propiciar a possibilidade de uma base sólida que influenciará todo o desenvolvimento futuro dessa criança.

O trabalho na Educação Infantil não se restringe à aplicação de rituais repetitivos da escrita, leitura e cálculo. Ela começa no momento da própria expressão, quando as crianças falam de sua realidade e identificam os objetos que estão ao seu redor. O objetivo primordial é a apreensão e a compreensão do mundo, desde o que está mais próxima a criança até o que lhe está mais distante, visando à comunicação, à aquisição de conhecimentos, à troca. Assim, se as atividades realizadas na pré-escola enriquecem as experiências infantis e possuem um significado para a vida das crianças, elas podem favorecer o processo de desenvolvimento e aprendizagem, quer ao nível do reconhecimento e representação dos objetos e das suas vivências, quer ao nível da expressão de seus pensamentos e afetos.

Levando em consideração a visão que foi colocada e as observações feitas durante nosso estágio, no qual tivemos a oportunidade de vivenciar a realidade dentro de uma escola, que apesar da boa relação professor - aluno faltava à presença de atividades lúdicas que devem está presentes no dia-a-dia da criança principalmente no que se refere à aprendizagem e desenvolvimento. Durante todo o Período dos Estágios Supervisionados de Pedagogia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) de Contendas do Sincorá-BA, tivemos muitas oportunidades de compreender, os problemas vividos pela educação no Brasil, os estágios, sem dúvida muito colaboraram para o aumento de meus conhecimentos, servindo não somente para licenciatura, mas também para a minha vida no dia a dia. Ensinar com êxito é ter o domínio de uma prática, de um saber fazer. Qualquer teoria do ensino, inclua-se aí portanto a teoria construtivista, é um esforço prescritivo, isto é, uma tentativa de elaborar regras para a prática de ensinar. Ora, nem todas as práticas são exaustivamente reguláveis. Saber fazer poesia ou saber contar piadas com graça são, da mesma forma que saber ensinar, o domínio de uma prática não inteiramente regulável. Trata-se das complexas relações entre teoria e prática.

São essas condições que nos levam a pensar que pode ser uma temeridade, de efeitos até desastrosos, fazer uma tentativa de induzir centenas de milhares de professores a alterar suas práticas a partir de uma teoria do ensino e da aprendizagem que presumimos verdadeira.











DESENVOLVIMENTO



Ao refletir sobre o ofício do lúdico nas escolas, sendo este de fundamental importância, e não deve ser negligenciado às crianças, sabendo, que a atividade lúdica só é eficaz se for desempenhada simultaneamente na função distrair e instruir. Percebe-se que brincando com jogos matemáticos as crianças elaboram raciocínio lógico e melhoram a sua comunicação, desta forma estão se socializando e aprendendo significativamente. A aprendizagem do educando é preocupação fundamental para a escola, hoje ela pode e deve se empenhar e interagir no sentido de trazer e oportunizar os jogos educativos incentivando um aprendizado matemático e outras disciplinas mais significativas, desenvolvendo habilidades essenciais para o desenvolvimento dos indivíduos envolvidos no processo educacional.

Dentre os jogos pedagógicos encontram-se inúmeros jogos disciplinados, os quais despertam nas crianças um nível muito bom de conhecimento, sendo este fundamental para a educação de qualidade e com excelente desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. Estes jogos representam um universo lúdico muito rico para ser vivenciado principalmente na Educação Infantil. Para tanto, é necessário que os educadores tenham conhecimento e compreensão do domínio desses jogos para melhor aplicá-los e terem um retorno real segundo o seu planejamento, visando sempre o desenvolvimento das capacidades intelectuais da criança. Nesta perspectiva, quando a prática pedagógica é trabalhada a partir de atividades com o lúdico, os educadores são conduzidos a pensar em mudanças que sejam significativas para o meio educacional, dando ênfase ao desenvolvimento cognitivo e provocar o amadurecimento do ser humano como todo a partir da ludicidade.

Pode-se entender o universo lúdico como parte fundamental da construção social da subjetividade social da criança, elaborando valores que a sociedade lhe apresenta como importantes e indispensáveis para seu convívio social. O jogo deve ser utilizado dentro de uma proposta pedagógica para desencadear um aprendizado significativo. Para tanto, é necessário à combinação de jogos lúdicos nas séries iniciais. A Instituição Escolar poderá e deverá assumir uma postura crítica para desenvolver em seus educando a capacidade de desenvolver habilidades operatórias e raciocínio lógico nas disciplinas.

Para Antunes (1998) "A utilização dos jogos devem ser somente quando a programação possibilitar, e somente quando se constituírem em um auxílio eficiente, ao alcance de um objeto dentro dessa programação”.

O jogo deve ter sempre um caráter desafiador para o educando, acompanhado de um planejamento educacional com objetivos propostos pelo educador. Neste contexto observa-se a importância do planejamento do professor, pois o jogo deve estar inserido em suas atividades como suporte pedagógico e não como mero passa tempo. Ressalta-se ainda a observação do educador na introdução do jogo, este deve ter a preocupação com a maturidade da criança quanto aos desafios a serem superados e ao mesmo tempo perceber quando o educando não estar sentindo interesse ou sente-se cansado. Nota-se que quando se estuda a possibilidade da utilização de ludicidade na Educação Infantil no processo ensino aprendizagem não apenas o seu conteúdo deve ser considerado, a maneira como o jogo se apresente tem grande valia no contexto, verificando a faixa etária do público alvo em questão.

Segundo Antunes (1998) "Existem quatro elementos que justificam e condicionam a aplicação dos jogos. Esses elementos se graduam segundo a sua importância".



1. Capacidade de se construir em fator de auto – estima do aluno;

2. Condições psicológicas favoráveis;

3. Condições ambientais;

4. Fundamentos técnicos.



A metodologia aplicada para construção deste artigo científico é com base em observações em salas de aula nas séries iniciais, vendo a necessidade da introdução do lúdico nas aulas, o referido artigo foi baseado em estudos bibliográficos nas obras de Celso Antunes, Kishimoto, MARCELINO, NELSON.C e para embasamento teórico.

A pesquisa foi construída em várias semanas, observando o desenvolvimento das crianças nas salas de aula que eram aplicados os jogos. Buscaram-se informações e respostas para as várias indagações que o tema propõe. Durante o estágio em Educação Infantil percebemos que havia uma necessidade de se trabalhar a ludicidade nas turmas das Instituições, pois o tempo que passamos com eles não houve nem uma atividade voltada para o lúdico, isto nos instigou a desenvolver o projeto que foi apresentado no estágio I, II e III.

O enfoque na avaliação lúdica é um dos muitos caminhos que nos possibilita ver como a criança inicia seu processo de adaptação à realidade através de uma conquista física, funcional aprendendo a lidar de forma cada vez mais coordenada, flexível e intencional com seu corpo, situando-o e organizando-o num contexto espaço-temporal que lhe é reconhecível, que começa a fazer sentido para sua memória pessoal. E, como é justamente essa organização significativa da ação sensório-motora que lhe dá condições de, pouco a pouco, ir mudando sua forma de interagir com o meio, no caminho de uma abstração reflexiva crescente.

A Ludicidade é um importante aliado para o ensino formal da Educação Infantil, através de jogos como: boliche, bingos, dominó, baralho, dado, quebra-cabeça, xadrez, jogo da memória, jogo da velha, jogo dos primeiros números, na ponta da língua, blocos lógicos, linha da vida, caixa surpresa, números impares, números pares, brinquedos educativos, tridimensional, habilidades de calculo, módulos educativos (desenvolvem-se habilidades operatórias).

Kishimoto, (2000) "defende que com a aquisição do conhecimento físico, a criança terá elementos para estabelecer relações e desenvolver seu raciocínio lógico matemático, o que é importante para o desenvolvimento da capacidade de ler e escrever". É viável observar que para o sujeito apropriar-se de conceitos como de números é necessário que este exercite a ação mental sobre o objeto social de conhecimento.

A maioria das escolas tem didatizado a atividade lúdica das crianças restringindo-as a exercícios repetidos de discriminação viso- motora e auditiva, através do uso de brinquedos, desenhos coloridos, músicas ritmadas. Ao fazer isso, ao mesmo tempo em que bloqueia a organização independente das crianças para a brincadeira, essas práticas pré- escolares, através do trabalho lúdico didatizado, enfatizam os alunos, como se sua ação simbólica servisse apenas para exercitar e facilitar para o professor, a transmissão de determinada visão do mundo, definida a priori pela escola.

“É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora brincadeira de roda...” (MARCELINO, NELSON.C.,1996.p.38).

É papel da educação é formar pessoas criticas e criativas, que criem, inventem, descubra, que sejam capazes de construir conhecimento. Não devendo aceitar simplesmente o que os outros já fizeram, aceitando tudo o que lhe é oferecido. Daí a importância de se ter alunos que sejam ativos, que cedo aprendem a descobrir, adotando assim uma atitude mais de iniciativa do que de expectativa.

Considera-se função da educação infantil promover o desenvolvimento global da criança; para tanto é preciso considerar os conhecimentos que ela já possui, proporcionar a criança vivenciar seu mundo, explorando, respeitando e reconstruindo. Nesse sentido a educação infantil deve trabalhar a criança, tomando como ponto de partida que está é um ser com características individuais e que precisa de estímulos, para crescer criativa, inventiva e acima de tudo crítica.











CONCLUSÃO



O que se pode observar claramente diante das questões colocadas no artigo que o lúdico é de extrema importância no desenvolvimento da criança e é preciso que os profissionais de educação infantil tenham acesso ao conhecimento produzido na área da educação infantil e da cultura em geral, para repensarem sua prática, se reconstruir enquanto cidadãos e atuarem enquanto sujeitos da produção de conhecimento. E para que possam mais do que "implantar" currículos ou "aplicar" propostas à realidade da creche/pré-escola, série iniciais em que atuam efetivamente participar da sua concepção, construção e consolidação e assim estejam conscientes da importância do lúdico na vida do seu aluno. O professor na Educação Infantil deve ser consciente que o brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los, sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.

O Referencial nacional para a educação infantil abre um maior espaço para que os conteúdos sejam trabalhados em âmbitos gerais, processados de forma integrada e global fazendo inter-relações entre diferentes eixos a serem desenvolvidos com as crianças, eixos estes fundamentais ao seu desenvolvimento. Isto deu-se através do Conselho nacional da educação, pela Lei de Diretrizes e Bases Educacionais para a educação infantil, em 7 de abril de 1999, O Educador, como mediador desse processo, tem como meta organizar os conteúdos de forma que se tenham informações de diversas áreas, sem que se separem, estudando a questão como um todo, olhando-a sob diferentes ângulos, ou seja, pontos de vista, diferentes, onde será prontamente ressaltado o devido valor do respeito ao ouvir e tentar compreender uma opinião oposta que venha a surgir no decorrer dessas ações educativas, que terão reflexos extra-escola, provavelmente.

É fundamental para que os alunos situem-se no mundo de hoje, o apoio de professores também atualizados e que estejam preparados para administrar suas aulas dentro dos enfoques como a interdisciplinaridade, inteligências múltiplas e formação de competências. Para que as crianças consigam processar as inúmeras informações que lhes são transmitidas diariamente pela mídia, sabendo construir suas reflexões, levando em conta aspectos envolvidos, e não tomar para si uma opinião 'da maioria' como pessoal, sem argumentos. Por isso, o educador é responsável pelo desenvolvimento da identidade e autonomia de seus alunos, sem esquecermos da primordial importância da família que intervêm favoravelmente, integrando-se à 'missão' de educador.







REFERÊNCIAS



ANTUNES, Celso. Jogos para Estimulação das Múltiplas inteligências. Petrópolis: Vozes, 1998.

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