Um famoso provérbio iídiche diz que: “O homem planeja, Deus dá
risada” (“Mann traocht, Gott laucht”). Você conhece essa sensação? A
música Ironic, de Alanis Morissette, é repleta de bons exemplos: chuva
no dia do seu casamento, congestionamento quando você está atrasado… E
daí Alanis resume tudo em sua conclusão:
“Well, life has a funny way of sneaking up on you. When you think everything’s okay and everything’s going right”
(“Bem, a vida tem uma maneira engraçada de nos pregar peças. Quando
você pensa que está tudo bem e que tudo está correndo da maneira certa”)
Pesquisas mostram que a noção que as pessoas têm de controle sobre
suas próprias vidas é um dos fatores primordiais para seu bem-estar
psicológico. Mas se “o homem planeja e Deus dá risada”, isso não quer
dizer que não temos controle algum? Se não podemos controlar o
comportamento dos outros, seus pensamentos e sentimentos, nem as forças
da natureza, o tráfego, as notícias, como podemos ter qualquer senso de
controle sobre nossas vidas?
A resposta, é claro, é que temos pleno controle sobre nossas próprias
ações, pensamentos e sentimentos. Quando você está dirigindo, você não
tem controle sobre os outros motoristas, poças de óleo na pista e
buracos no asfalto, mas você controla seu próprio veículo. Isso, à
primeira vista, parece bastante óbvio, mas pense um pouco e você verá
que isso não é tão trivial assim. É sempre mais fácil apontar para os
outros e para as circunstâncias do que assumir responsabilidades. Quando
meu filho de sete anos se irrita, eu tento ensiná-lo a como se acalmar.
Diversas vezes, ele me diz: “Não posso me acalmar, VOCÊ me deixou
irritado”. Ele não pode controlar as minhas ações e se foram as minhas
ações que o deixaram irritado, então é minha responsabilidade consertar
tudo, certo? Bem, ele pode controlar os pensamentos e sentimentos que
minhas ações provocaram e pode controlar a maneira com que vai reagir.
Mas isso parece tão mais difícil que: “Vou ficar furioso e então o papai
vai me deixar ver mais TV”. Sempre parece ser mais fácil mudar outras
pessoas e mudar a realidade do que assumir a responsabilidade, mas não é
bem assim.
Na próxima vez em que você reclamar dos outros ou da falta de sorte,
experimente esse exercício simples: escreva cinco coisas que você
pode fazer que podem estar sob seu controle em um papel. Daí escolha uma
e a ponha em prática. Sempre funciona pra mim. E lembre-se sempre de
que as coisas que você não pode controlar também podem agir a seu favor!
Como a Alanis também diz em sua música:
“And life has a funny way of helping you out. When you think everything’s gone wrong and everything blows up in your face”
(“E a vida tem uma maneira engraçada de ajudá-lo. Quando você pensa que tudo deu errado e tudo explode na sua cara”)
A frase “há males que vem pra bem” é bem conhecida e não conheço
ninguém que nunca tenha vivenciado algo que pudesse explicar como algo
indesejado, inconveniente, incômodo ou simplesmente negativo que acabou
em em resultado extremamente positivo.
A vontade de controlar tudo a nossa volta vem do nosso ego, que
mimado e vaidoso, não quer que absolutamente nada dê errado ou ocorra
diferente do esperado. Mas esse assunto é extensivo e complicado demais
para abordarmos aqui e agora!
A mensagem que quero deixar aqui hoje é de que acima de tudo a
responsabilidade sobre como vamos nos sentir sobre os acontecimentos em
nossas vidas é nossa e não tem argumento contra isso, afinal de contas,
quem escolhe ficar triste, bravo, deprimido, frustrado ou no outro
oposto, alegre, motivado, tranquilo ou entusiasmado somos nós mesmos. É a
compreensão desse fato que acaba fazendo toda a diferença. Enquanto o
reclamão que acha que são os outros e o “destino” que determinam como
ele se sente e o que faz na vida, aquele que é pró-ativo e escolhe não
se deixar afetar pelo que os outros fazem e pelas circunstâncias, acaba
dando de dez a zero nos outros e mesmo sem querer, é mais produtivo,
mais motivado e consequentemente alcança mais e melhores resultados na
vida.
Sobre o autor: Ran Zilca é o executivo-chefe da Signal Patterns (desenvolvedores de aplicativos de avaliação e psicologia positiva)
Nenhum comentário:
Postar um comentário