sábado, 22 de maio de 2010

A leitura na educação infantil

A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL




Jivanilda Brito Silva

Luciana da Silva Menezes



RESUMO

O presente artigo tem como objeto de estudo a leitura e a sua importância na educação infantil. O mesmo apresenta algumas considerações sobre o papel da escola e da família na leitura para as crianças. Visto que, educar é uma tarefa que exige muita responsabilidade. Nos primeiros anos de vida de uma criança, para uma boa formação é fundamental que a criança seja estimulada a ler. O contato com os livros deve ser iniciado o mais cedo possível, não só pelo manuseio, como também pela história contada, pela conversa ou no sentido de fazer amar a leitura, para que o aluno se sinta o protagonista do seu aprendizado. Atualmente, um dos grandes desafios enfrentados na área da educação infantil é o de conseguir adaptar a sala de aula numa prática pedagógica que atenda às necessidades das crianças que já estão "vivendo" o processo de aquisição de leitura e escrita.

Palavras-chave: Educar, Educação Infantil e leitura.



INTRODUÇÃO

A leitura é fundamental para a inserção do ser humano na sociedade atual. O ato de ler pode fornecer ao leitor o acesso às informações, à ampliação do vocabulário, o desenvolvimento da criticidade e o interesse na busca pelo conhecimento sobre assuntos variados que, além de instigar o leitor a pensar criticamente diversas questões, pode impulsionar suas relações sociais. Para a criança, o processo de aprendizagem da leitura precisa ter significado, para que ela possa se interessar pelo que está aprendendo. As crianças passam a prestar atenção à leitura das palavras quando estas começam a fazer sentido no texto, o que foi possível observar e comprovar nos estágios que realizamos no curso de Pedagogia. A leitura é, portanto, um problema de todos, passa pela família, pela escola, pela biblioteca, pela comunidade e pela sociedade, não pode ser considerada um presente do Estado, posto que seja um direito de todos os cidadãos (BRASIL, 1998). A leitura possibilita a compreensão do mundo, a comunicação com os outros, a formação pessoal e profissional, o questionamento de idéias, momentos de lazer e prazer, de estímulo à imaginação ampliando assim nossos conhecimentos de mundo. É na escola que a criança tem mais contato com a leitura e com a escrita; desse modo, a escola precisa assumir essa responsabilidade, priorizando o ensino da leitura, bem como da escrita (KLEIMAN, 2004). A Infância é o momento em que as crianças estão mais propícias a desenvolver hábitos que serão seguidos futuramente, por isso consideramos que seja essencial estimular as crianças a gostarem de ler desde bem pequenas. É necessário mostrar às crianças que o ato de ler além de poder ser usado como obtenção de informações pode ser muito prazeroso, fantástico e lúdico. A leitura é uma atividade indispensável para a formação do indivíduo, é fonte de informação, de conhecimento e de aprendizado, além de ser uma atividade fundamental na formação cultural das pessoas, de lazer, benéfica à saúde mental e de promoção das descobertas no mundo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“Com as palavras não aprendemos senão palavras; antes, o som e o ruído das palavras, porque, se o que não é sinal não pode ser palavra, não sei também como possa ser palavra, aquilo que ouvi pronunciado como palavra enquanto não lhe conhecer o significado. Só depois de conhecer as coisas se consegue, portanto, o conhecimento completo das palavras.”

(Sto. Agostinho: De Magistro)

O processo de leitura é obtido através da interação com o meio, pois é sabido que existe a leitura do mundo e as leituras decodificadas, ambas importantes, pois o individuo pode despertar o hábito pela leitura através da vivencia, da interação, imaginação e fantasia presenciado-a no dia-a-dia. O aluno leitor praticamente não fica preso apenas a um tipo de leitura e sim a todas, o que faz com que se destaque positivamente, ampliando os seus horizontes e levando-os a se questionar, contestar e procurar as respostas dos seus porquês. Enfim, essa prática informa e transforma nossos alunos em cidadãos com capacidade de pensar, de fazer do nosso país uma grande nação, tornando-os capazes de tomar grandes decisões. Além de proporcionar na formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem a sua origem na prática de leitura, espaço de construção de intertextualidade e fonte de referências modalizadoras. Através da linguagem simbólica, a literatura infantil pode influenciar na formação da criança, que passa a conhecer o mundo em que vive de maneira a compreender: o bem e o mal, o certo e o errado, o belo e o feito, amor e raiva, a dor e o alivio, entre outros. Por isso, aos poucos, a criança compreende o mundo adulto do qual faz parte. Assim como destaca GOES (1990, p. 16)

“A leitura para a criança não é, como às vezes se ouve, meio de evasão ou apenas compensação”. É um modo de representação do real. Através de um "fingimento", o leitor re-age, re-avalia, experimenta as próprias emoções e reações.

A literatura infantil cumpre, hoje, a responsabilidade de entreter e divertir e, principalmente formar na criança uma consciência de mundo. A leitura é uma forma de recreação muito importante para a criança, principalmente para o seu desenvolvimento intelectual, psicológico e afetivo. Esta desempenha papel fundamental na vida da criança, pela riqueza de motivações, sugestões e de recursos que oferece ao seu desenvolvimento. A leitura infantil é um dos fatores para que a criança consiga buscar a sua realização, fazendo com que as novas gerações criem uma responsabilidade quanto às mudanças de seus hábitos, de maneira a que o hábito da leitura seja realizado desde os primeiros anos de idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos.

“(...) O livro desempenha um papel importante na vida e na formação do ser humano, pois através dele nos tornamos mais sensíveis ao mundo e capazes de entender nossas próprias reações. O livro incrementa a missão de educar, pois fornece as crianças informações, lazer, cultura, propiciando ao leitor elaborar seu próprio conhecimento, enriquecer seu vocabulário, facilitar a escrita, agilizar o raciocínio e aguçar a imaginação. Assim, ao incentivarmos a leitura, estamos deflagrando um movimento para desenvolver pessoas críticas, participativas, criativas e preparadas para construir a nação do futuro.”

(www.cidadelivro.com.br)

Concomitantemente, os livros podem contar histórias que falam do dia-a-dia da criança ou de hábitos e situações, fazendo com que a criança passe a se identificar pouco a pouco. Falam também de sentimentos como amor, carinho, proteção, cuidado, inveja, raiva, ciúmes, medo, entre outros, ajudando a criança a compreender melhor as coisas que sente. Ler é muito mais que possuir um rico cabedal de estratégias e técnicas. Ler é, sobretudo, uma atividade prazerosa e quando se ensina a ler deve-se levar isso em conta. As crianças e os professores devem estar motivados para aprender e ensinar a ler. No entanto, pode-se dizer que rever as técnicas e analisar qual a melhor maneira de levar o aluno a ingressar no mundo da leitura de maneira prazerosa, é a metodologia que deve ser seguida no processo de ensino aprendizagem. Neste diapasão, convém que recorramos às palavras de Denise Fernandes Tavares:

“O sorriso, a alegria duma criança que lê, que ouve estórias, que brinca, compensa a luta que possamos ter, para que aquele sorriso e aquela alegria existam. E compensa, ainda, a sua certeza íntima que estamos abrindo novos horizontes e possibilidades para centenas de crianças, através da leitura. Estaremos ensinando quanto vale o livro; dando-lhes o hábito da leitura, fazendo-as amar o livro estaremos assimilando responsabilidades e cumprindo o nosso dever com as gerações que formarão os homens de amanhã.”

Por tanto, nos períodos dos Estágios Curriculares I, II e III foi promotor de muito conhecimento tanto para os alunos, quanto para nós, pois foi possível perceber na prática que não existe uma técnica certa para a leitura de livros para as crianças. O educador apenas precisa ter disposição para dar mais esta atenção a elas. Cada um descobre a sua própria maneira de explorar melhor a hora da leitura. Aos poucos, a criança vai perceber que também se beneficia do que vêm escutando.

É muito importante que o professor escolha livros que também a encantem, só assim o levará com entusiasmo para a criança. O desafio se encontra na necessidade da busca e implementação de mecanismos que propiciem a atração pela leitura na mais tenra idade, na fase da infância, em que a criança está descobrindo seu microcosmo, seu mundo, está despertando para a realidade subjacente e tentando participar desta realidade com suas novas fantasias e descobertas. Oportuno citar o que, já no século XVII, afirmava o filósofo John Locke: “(...) deve ser dado à criança algum livro fácil e agradável, adequado à sua capacidade, a fim de que o entretenimento que ela busca a motive e recompense.”

A Educação Infantil, motiva os jovens leitores através de uma mudança de concepção, ou seja, transformando a leitura como algo agradável, fonte não apenas de informação, mas principalmente de lazer. Faz-se mister que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além: Conforme Paulo Freire (1997, p. 11):

“(...) o ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra (...) linguagem e realidade se prendem dinamicamente.”

A Escola, incumbida então da função de promover a formação do leitor, terá que rever as condições, muitas vezes restrita, a que impõe a leitura aos seus alunos.

A leitura infantil é um dos fatores básicos para a criança buscar a sua realização como pessoa humana, incumbindo às novas gerações uma grande responsabilidade quanto à mudança de concepção ideológica, de maneira a que o hábito da leitura seja propugnado desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos.

Com base em nossos estudos, concordamos com Jolibert (1994), quando esta afirma que o papel do professor em sala de aula é o de proporcionar aos alunos, situações de leitura, estimular o senso crítico no aluno, elaborar com a turma materiais de leitura como fichários, dicionário alfabético entre outros, e ajudá-los a desenvolver o gosto pela leitura. O professor é responsável pelo estímulo do aluno, assim, se o professor em sala de aula lê narrativas, poesias, músicas, entre outros textos, utiliza-se destas leituras para estimular seus alunos, dando-lhes oportunidade para desenvolver o gosto pela leitura, reconhecendo a função social da leitura e da escrita na sociedade em que vive. Ou seja, a leitura, complementa Smolka (1989), é o ponto de partida para o processo de aprendizagem em que a pessoa amplia seu vocabulário, desenvolve a sua escrita e neste percurso, desenvolve o habito de ler.



CONCLUSÃO

Ao estudar a iniciação a leitura pela criança na Educação Infantil, percebemos o quanto é importante o papel mediador do professor, pois será de sua responsabilidade proporcionar aos alunos espaços adequados de leitura, transformando estes espaços em situações prazerosas de aprendizagem. Segundo Becker apud Maricato (2005, p. 26) “O professor que atua precisa tornar-se leitor porque as crianças aprendem a ler com os gestos de leitura do outro”. Para aproximar o aluno da leitura, faz-se necessário que o educador atribua à literatura uma finalidade prazerosa e não apenas cumprir obrigações na escola ou no trabalho, pois só assim será possível formar leitores para a vida toda. “É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens” (COELHO, 2000). De acordo com o pensamento da autora, constatamos que desde a infância vamos assimilando a idéia de mundo, suas evoluções, ou seja, o caminho para o desenvolvimento é a palavra, iniciando na literatura infantil. É muito importante esta fase inicial, pois ela tem papel fundamental de transformação que é: a de iniciar um processo de formação de um novo leitor. É necessário considerar que os alunos são cidadãos que utilizam a leitura em sua prática social e ao utilizá-la percebem a relevância deste aprendizado para o cidadão conviver em uma sociedade que a utiliza cotidianamente. Esta atividade, portanto, não pode ser vista simplesmente como um mecanismo de leitura, que visa decifrar a palavra, sem que seu significado esteja presente, deixando de lado a verdadeira função da leitura que é de proporcionar uma aprendizagem que desenvolve habilidades de reflexão, expande conhecimentos e permite agir na sociedade de uma maneira intensa e direta. Por fim, ao longo dessas linhas busquemos inspirações, sobretudo, na crença e firme convicção como educadoras, de que o futuro está na educação, principalmente na Educação Infantil. E que o desfio do novo educador, daquele adequado ao mundo contemporâneo, está justamente em fazer frente às ideologias dominantes que insistem em práticas educativas tradicionais e descomprometidas com o objetivo máximo da educação, centro para onde deveriam convergir todos os interesses: o aluno.



REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF. Vol.1, 1998.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil, teoria, análise, didática. 1ª ed. – São Paulo. Moderna, 2000;

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. Em três artigos que se completam. 27 ed. São Paulo, Cortez. Autores Associados, 1997;

GÓES, Lucia Pimentel. A aventura da Literatura para crianças. São Paulo: Melhoramentos, 1990;

JOLIBERT, Josette e colaboradores. Formando crianças leitoras. Porto Alegre – RS: Artes Médicas, 1994;

KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática. 10. ed. Campinas, SP: Pontes, p.102, 2004.

LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento Humano. São Paulo: Editora nova cultura. 1997. (Canção Os Pensadores);

MARICATO, Adriana. O prazer da leitura se ensina. Criança. Brasília. s/ v, n. 40, p. 18-26, set. 2005;

SANTO. Agostinho, de Magistrado. In: Os Pensadores. São Paulo: abril Cultural. 1973;

SMOLKA, B.Luíza Ana. Leitura e desenvolvimento da linguagem. Porto Alegra – RS: Mercado Aberto,1989;

TAVARES, Denise. Ora, contar histórias... In: TAHAN, Malba. A arte de ler e contar histórias. 5ªed. Rio de Janeiro: Conquista, 1966.

Nenhum comentário:

Postar um comentário