sábado, 22 de maio de 2010

Brincadeiras e brinquedos na pré-escola

¹BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS NA PRÉ-ESCOLA


Cristina Paixão dos Santos

Suely Figueredo Santos



RESUMO

O presente artigo vem demonstrar que o brinquedo e a brincadeira na pré-escola é um aspecto muito importante na interação da criança com o adulto, com o outro. A brincadeira em grupo serve para socializar crianças. Elas aprendem a lidar com os sentimentos, interagir, resolver conflitos e desenvolver a imaginação e criatividade para resolver problemas. E, portanto, contra este pensamento que buscamos, é de fundamental importância que professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação do ambiente familiar e sócio cultural e adotar na sua prática pedagógica as brincadeiras, brinquedos para que as crianças desenvolvam,construam, adquiram conhecimentos e se tornem autônomas e cooperativas. E é importante que os educadores resgatem as brincadeiras e os brinquedos que eram transmitidos pelos pais e avós, e criadas pelas próprias crianças. Elas irão despertar uma vivência rica e muito importante, e o ajudará a despertar sua criatividade, movimentos e uma boa aquisição na aprendizagem da escrita e leitura.

Palavras-chave: Brinquedos. Brincadeiras. Interações. Pré-escola.

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Artigo apresentado na Disciplina de Estágio Curricular IV ao Curso de Graduação em Pedagogia – Licenciatura – EAD, da Universidade Luterana do Brasil, como requisito parcial para conclusão de Curso.

INTRODUÇÃO



O brincar é importante porque incentiva à utilização de brincadeiras e jogos. Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o funcionamento do pensamento, adquirimos conhecimento sem estresse e sem medo, desenvolvemos a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos desenvolvemos intelectualmente, socialmente e emocionalmente. Todo aprendizado que o brincar permite é fundamental para a formação da criança em todas as etapas da sua vida.

A criança, ao longo da história e da evolução do homem, nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente ela era caracterizada como um ser ingênuo, inocente, gracioso ou ainda imperfeito e incompleto. Estas noções se constituíram em elementos básicos que fundamentaram o conceito de criança entendida como um ser ‘sem existência social, miniatura do adulto, abstrata e universal’. Portanto, um conceito que independe da cultura ou classe social. Atualmente, uma nova concepção sobre criança vem tomando espaço no panorama educacional, a criança, como ser social. Entende-se a criança, hoje, como um ser que iguala pela natureza infantil e diferencia-se pelos fatores socioculturais.

De acordo com SANTOS (2002, p.13), para entender a brincadeira deve-se entender a criança, assim, ele afirma que.

Para ajudar a criança no seu desenvolvimento buscamos compreender sua natureza, e nessa busca encontramos o brincar como uma necessidade básica que surge muito cedo nela. A brincadeira é considerada a primeira conduta inteligente do ser humano; ela aparece logo que a criança nasce e é de natureza sensório-motora. Isso significa que os primeiros brinquedos são os dedos e seus movimentos, que observados pela criança constituem-se a origem mais remota do jogo. Para cada etapa do desenvolvimento infantil existem tipos de brincadeiras correspondentes. Por isso a brincadeira tem uma função essencial na vida da criança, embora muitos educadores digam que a criança muito pequena não brinca ou não gosta de brincar. A verdade é que ela brinca de maneira diferente das maiores, envolve-se em brincadeiras sucessivas e por um curto período de tempo.

Brincando a criança desenvolve potencialidades; ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, calcula, classifica, compõe, conceitua e cria. O brinquedo e a brincadeira traduzem o mundo para a realidade infantil, possibilitando a criança a desenvolver a sua inteligência, sua sensibilidade, habilidades e criatividade, além de aprender a socializar-se com outras crianças e com os adultos.

Sabemos da difícil tarefa em se sistematizar com a devida clareza os argumentos dos pensadores que estamos adotando, de forma a nos subsidiarem para a adoção de medidas pedagógicas eficazes no que se refere a brincadeiras e brinquedos, pois nosso objetivo geral é analisar a importância dos brinquedos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem da criança na pré-escola, e assim poder implementar cada vez mais com recursos que sejam favoráveis ao desenvolvimento integral das crianças, de maneira que as brincadeiras sejam claramente observáveis.

A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL



Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir no futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto. A criança que brinca, acostuma-se a ter seu tempo livre utilizado criativamente. Esse hábito, se desenvolvido de forma saudável, além de trazer satisfação, com o passar do tempo irá se transformando em atitudes de predisposição para o trabalho.

BRASIL (2001 p. 27) define o conceito de brincadeira afirmando que:

A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo com aquilo que é o não - brincar. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo pra realizar-se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias realidade anteriormente vivenciada.

Para MALUF (2007, p.10), “nunca devemos esquecer que o brincar é altamente importante na vida da criança, primeiro, por ser uma atividade na qual ela já se interessa naturalmente e segundo porque desenvolve suas percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos sociais”.

FIGUEIREDO (2004 p.7), ainda afirma que:

A brincadeira é para a criança, a mais valiosa oportunidade de aprender a conviver com as pessoas muito diferentes entre si; de compartilhar idéias, regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o seu egocentrismo característico; de solucionar os conflitos que surgem, tornando-se autônoma, de experimentar papeis, desenvolvendo as bases da sua personalidade.

Costuma-se chamar brinquedo pedagógico ao que foi fabricado com objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, tais como cores, formas geométricas, números, letras, entre outros. Usar o jogo na educação infantil, significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para facilitar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer e a capacidade de ação motivadora

O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade possibilitando o exercício de concentração, de atenção e de engajamento. É um convite à brincadeira, proporcionando desafios e motivações.

O jogo e a brincadeira infantil são formas da criança manejar experiências, criar situações para dominar a realidade e experimentá-la. Segundo Teles (1999) “brincar se coloca num patamar importantíssimo para a felicidade e realização da criança, no presente e no futuro”. Brincando, ela explora o mundo, constrói o seu saber, aprende a respeitar o outro, desenvolve o sentimento de grupo, ativa a imaginação e se auto-realiza.

Brincar é parte integrante da vida social e é um processo interpretativo com uma textura complexa, onde fazer realidade requer negociações do significado, conduzidas pelo corpo e pela linguagem. (FERREIRA, 2004, p. 84)

Com brincadeiras e jogos o espaço escolar pode-se transformar em um espaço agradável, prazeroso, de forma a permitir que o educador alcance sucesso em sala de aula. Nós, educadores temos que ser multifuncionais, ou seja, não apenas educadores, mas filósofos, sociólogos, psicólogos, psicopedagogos, recreacionistas e muito mais, para que possamos desenvolver as habilidades e a confiança necessária em nossos educando.

NEGRINE (1994,12), em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que "quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade lúdica". Segundo esse autor, é fundamental que os professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.

A criação de espaços e tempos para os jogos e brincadeiras é uma das tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-nos organizar os espaços de modo a permitir as diferentes formas de brincadeiras, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos, ou seja, observando e respeitando as diferenças de cada um.

Nos tempos atuais, as propostas de educação infantil dividem-se entre as que reproduzem a escola elementar com ênfase na alfabetização e números (escolarização) e as que introduzem a brincadeira valorizando a socialização e a re-criação de experiências. No Brasil, grande parte dos sistemas pré-escolares tende para o ensino de letras e números excluindo elementos folclóricos da cultura brasileira como conteúdos de seu projeto pedagógico. As raras propostas de socialização que surgem desde a implantação dos primeiros jardins de infância acabam incorporando ideologias hegemônicas presentes no contexto histórico-cultural. (OLIVEIRA, 2000).

Relembrando que brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. A escola deve oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio.

A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências imaginativas, criativas e organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar as crianças à possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoas e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais.



CONCLUSÃO



Este artigo apresentou uma reflexão teórica sobre o uso de jogos na educação infantil, suas possibilidades como estratégias de ensino, onde podem ser utilizados com o objetivo de construir conhecimentos, treinar habilidades já estudadas, aprofundar questões importantes e desenvolver estratégias de raciocínio lógico.

As brincadeiras para a criança pequena são fundamentais para o seu desenvolvimento e para a aprendizagem, pois envolvem diversão e ao mesmo

tempo uma postura de seriedade. A brincadeira é para a criança um espaço de investigação e construção de conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo. Brincar é uma forma de a criança exercitar sua imaginação. A imaginação é uma forma que permite às crianças relacionarem seus interesses e suas necessidades com a realidade de um mundo que pouco conhecem. A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, organiza, desorganiza, constrói, destrói e reconstrói o seu mundo. A brincadeira é uma ponte entre a realidade da criança e a realidade dos adultos, ou seja, a nossa, e é através de uma brincadeira de criança que podemos compreender como ela vê e constrói o mundo, quais são as suas preocupações, que problemas ela sente, como ela gostaria que fosse a sua vida. Ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras.

Todo o aprendizado que uma brincadeira permite é fundamental para a formação da criança em todas as etapas da sua vida. Além de conhecer melhor a si própria através das brincadeiras à criança, quando se relaciona com outras crianças ela experimenta situações de vida como competição, cooperação, coragem, medo, alegria, tristeza. Ela se socializa, compreende o que é ser ela mesma e fazer parte de um grupo.







REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M.T.P. Jogos divertidos e brinquedos criativos. Petrópolis: Vozes, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação e de Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília – DF: MEC/SEF, 2002. Volume1.



Brasil, Universidade Católica de Brasília, Graduação – UCB Virtual. Conteúdo das disciplinas Fundamentos da Educação Infantil e Fundamentos da Aprendizagem II (2008 ) do curso de graduação de pedagogia.



FIQUEIREDO, T. A. de. Organização do espaço pedagógico favorece realização de

atividades. Revista do professor, Porto Alegre – RS: CPOEC LTDA, n. p. 4-7,2004.



LEMOS, Adriana. A importância de Brincar. (online). Disponível na Internet via WWW.URL: http://www.crechejeitodeser.com.b. Arquivo capturado em 09 de outubro 2008.

MALUF, A. C. M. Brincar é importante. Revista do professor, Porto Alegre – RS:CPOEC LTDA, n. 91, p.10, jul./set. 2007.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação infantil: muitos olhares. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1990.

Piaget , J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.



SANTOS, S. M. P. dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores em

creche. 4.ed. Petrópolis – RJ: Vozes, 2002

SEVERINO, A. J. A formação profissional do educador: pressupostos filosóficos e implicações curriculares. ANDE, Ano 10, n° 17, 1991.

TELES, Maria Luiza Silveira. Socorro! É proibido brincar! Rio de Janeiro: Vozes

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo. Martins Fontes, 1989

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