Paulo Roberto Gaefke
O rio passa, segue seu caminho, mas não deixa de alimentar nenhum
dos que
estão em seu curso. Assim, você pode seguir a sua vida e não deixar
de
atender os mais necessitados, ou acolher aquele amigo que precisa
de uma
palavra amiga, sem deixar-se envolver na história, acabando
assim,
assumindo parte da dor que não lhe
pertence.
O mar, com todo o seu poder, se abaixa humildemente para receber as
águas
dos rios, e assim, garante a sua força com gestos delicados, pois
se
usasse a força, com certeza desapareceria. Assim, você também
deve
aprender a conquistar pela humildade, sendo forte sim, mas delicado
o
suficiente para que as pessoas façam o que você pede pelo
respeito
conquistado, não pelo medo da sua
imposição.
O vento que refresca a sua tarde, pode se transformar em um
furacão
gigantesco e varrer uma cidade inteira, ainda assim,
passa
silenciosamente todos os dias pelo mundo, espalhando sementes que
vão
alimentar o planeta. Assim como o vento, por onde você passar
leve
apenas o seu melhor, deixe boas sementes, deixe saudades, seja
gentil.
A árvore é a grande companheira do homem, mas pouco valorizada, as
vezes
destruída cruelmente em troca de espaço para o gado, para uma
roça
maior, ou simplesmente para a construção de um condomínio ou
casa
luxuosa. Mesmo assim, continua suprindo o mundo com oxigênio,
filtrando
o gás carbônico, oferecendo sombra nos dias quentes, flores,
frutos,
sementes que viram óleo, madeira que vira mesa, cama e até seu
caixão.
Por isso, seja como a árvore, serve sempre. Não deixe a revolta
tomar
conta da sua alma. A revolta é um câncer que corrói o que temos
de
melhor; a esperança.
Por fim, se a dor te visitar, antes de cair na facilidade da
reclamação,
antes de se deixar levar pelo fato de ser sempre a vítima, pare
e
observe a plantação lá fora. Observe o agricultor semeando o
dia
inteiro. O que plantou algodão já faz as contas da safra de
algodão. O
que plantou milho, já sabe quantas espigas esperar. E, mesmo que
perca
toda a produção, não vai encontrar jamais um fruto diferente do
que
plantou. Assim, pare e pense no que você tem plantado, quais sãos
os
frutos que estão no seu cesto?
Quem semeia amor não vai colher outro fruto senão o mesmo
amor.
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